sábado, 26 de junho de 2010

Sapatos sujos

Um texto notável (e não o são todos?) escrito por Mia Couto.
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Em Março de 2005, foi convidado a fazer uma “oração de sapiência” no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique e, conhecendo muito bem a realidade sociológica e económica de Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, e desejando reflectir publicamente sobre as inércias que tolhem o desenvolvimento daquela nação, escreveu e leu uma “lição” sobre um dos seus temas de eleição, o combate à pobreza e aos preconceitos enraizados.
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Começou por referir que “Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar.”
E contou "sete sapatos sujos” que “necessitamos deixar na soleira da porta dos tempos novos” :
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Primeiro sapato: A ideia que os culpados são sempre os outros e nós somos sempre vítimas;
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Segundo sapato: A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho;
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Terceiro sapato: O preconceito de que quem critica é um inimigo;
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Quarto sapato: A ideia que mudar as palavras muda a realidade;
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Quinto sapato: A vergonha de ser pobre e o culto das aparências;
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Sexto sapato: A passividade perante a injustiça;
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Sétimo sapato: A ideia de que para sermos modernos temos que imitar os outros.
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Vale a pena ler o texto integral em:

http://www.macua.org/miacouto/MiaCoutoISCTEM2005.htm

quinta-feira, 24 de junho de 2010

1000 Famílias

Depois de Berlim, Paris, Madrid, Bruxelas e Nova Iorque, com cerca de 10 milhões de visitantes, a Amnistia Internacional Portugal apresenta a exposição: 1000 Famílias - O álbum de família do Planeta Terra.

Entre 1996 e 2000, o fotógrafo Alemão Uwe Ommer percorreu os cinco continentes fotografando famílias com o objectivo de criar um “álbum de família” para o nosso planeta.

Foi uma viagem de mais de 250.000 quilómetros, em que se sucederam as mais inacreditáveis histórias : Ommer cruzou-se com salteadores de camiões, fez novos amigos, encontrou elefantes capazes de “sorrir” para uma fotografia, …

De regresso a casa, Ommer iniciou a árdua tarefa de seleccionar 1.251 fotografias para integrarem o seu álbum e o resultado foi nas palavras do próprio: “Simplesmente magnífico!”

A exposição 1000 Famílias foi apresentada pela primeira vez em Setembro de 2000, na cidade de Colónia, na Alemanha, e desde então percorreu as principais cidades mundiais sendo alvo dos mais rasgados elogios, não só pela sua originalidade e beleza, mas também pela ideia que transmite de que afinal, pelo mundo fora, temos todos muito em comum.

Não percam! Acaba a 30 de Junho.
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sábado, 19 de junho de 2010

Saramago

«Só se nos detivermos a pensar nas pequenas coisas chegaremos a compreender as grandes.»
José Saramago
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O Prémio Nobel da Literatura, morreu ontem, aos 87 anos, na sua casa de Lanzarote.
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Em jeito de homenagem, aqui fica a animação do seu único conto infantil.


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Boa leitura aborrecimento cura

Nove autores portugueses (Dulce Maria Cardoso, Francisco José Viegas, Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia, Mafalda Ivo Cruz, Mário Cláudio, Rui Zink, valter hugo mãe e Ricardo Miguel Gomes) aceitaram o desafio de escrever um conto policial.
O resultado desta perigosa experiência é um tiro certeiro: nove contos policiais de alto calibre!
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«É um crime, caro leitor. Um crime! A vítima somos nós, leitores portugueses, e não há dados que nos apontem para um possível assassino. É praticamente um dado unânime que a literatura portuguesa é vítima de um crime de ausência: a do policial entre a nossa ficção. (...) Talvez a melhor solução seja mesmo um livro de contos policiais, com uma mira atirada à própria cultura de um país. Daí este livro que tem em mãos...»
Pedro Sena-Lino, coordenador desta colectânea

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ler para saber e ... ajudar!

«Naturalmente convencidos que este pequeno exemplo não resolverá as necessidades totais dessa Organização, cada um de nós reescreveu histórias conhecidas, pondo nas linhas e nas entrelinhas a sua mensagem contemporânea, obedecendo a uma clara vontade de, às velhas e maléficas práticas, contribuir para esperanças novas dos que, no terreno, lutam honorificamente e cheios de dificuldades para atenuar terríveis sofrimentos.»

40 jornalistas, outras tantas versões de contos infantis, para ajudar a ONG “SOS Crianças Talibés” na reconstrução de um centro de acolhimento para crianças resgatadas a redes de tráfico que operam a partir da Guiné-Bissau, e assim surge Histórias sem aquele Era uma vez.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

domingo, 13 de junho de 2010

Fernando Pessoa (1888 – 1935)

Difícil escolha esta de escolher um poema de Fernando Pessoa! Fica este:


. Ai que prazer

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
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Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
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Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
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Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
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O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

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E de Fernando Pessoa ainda um texto soberbo e actual.


Nascido para Mandar

Os homens dividem-se, na vida prática, em três categorias - os que nasceram para mandar, os que nasceram para obedecer, e os que não nasceram nem para uma coisa nem para outra. Estes últimos julgam sempre que nasceram para mandar; julgam-no mesmo mais frequentemente que os que efectivamente nasceram para o mando. O característico principal do homem que nasceu para mandar é que sabe mandar em si mesmo.
O característico distintivo do homem que nasceu para obedecer é que sabe mandar só nos outros, sabendo obedecer também. O homem que não nasceu nem para uma coisa nem para outra distingue-se por saber mandar nos outros mas não saber obedecer. O homem que nasceu para mandar é o homem que impõe deveres a si mesmo. O homem que nasceu para obedecer é incapaz de se impor deveres, mas é capaz de executar os deveres que lhe são impostos (seja por superiores, seja por fórmulas sociais), e de transmitir aos outros a sua obediência; manda, não porque mande, mas porque é um transmissor de obediência. O homem que não nasceu nem para mandar nem para obedecer sabe só mandar, mas como nem manda por índole nem por transmissão de obediência, só é obedecido por qualquer circunstância externa - o cargo que exerce, a posição social que ocupa, a fortuna que tem...

sábado, 12 de junho de 2010

Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil

Em todo o mundo haverá mais de 250 milhões de crianças, entre os 5 e os 14 anos, que trabalham!
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Em 2002, a Organização Internacional do trabalho (OIT) instituiu 0 dia 12 de Junho Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, dando assim visibilidade ao flagelo da exploração das crianças e sublinhando igualmente a importância de um compromisso global para a sua eliminação.
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Falar de trabalho infantil é falar de tarefas que roubam à criança o direito de viver plenamente a sua infância e, que directa ou indirectamente, têm uma natureza económica.
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Este dia vem relembrar que os governos e a sociedade têm de reforçar a sua determinação e agir de em conformidade com os “lamentos” em que são pródigos.
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O que dizem as crianças:
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Ajudo a fazer sapatos, a coser. Coso antes de vir para a escola e à noite, dois sacos por dia, quarenta sapatos, vinte pares.
V.M. (10 anos)
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Eu brinco ao fim-de-semana.
S.C. (9 anos)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

Dia de Portugal e de Camões
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Diz Conceição Meireles, investigadora especialista em História Contemporânea de Portugal, que Camões representava o génio da pátria, representava Portugal na sua dimensão mais esplendorosa e mais genial. O feriado em honra de Camões, considerado um dos símbolos da Nação, passou a ser a 10 de Junho uma vez que se aponta esta data como sendo a da morte do poeta que escreveu Os Lusíadas.
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Para saberes mais sobre Camões vai a:
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http://www.junior.te.pt/servlets/Rua?P=Portugal&ID=209
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Um dos seus mais belos poemas:
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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
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Dia das Comunidades
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Até ao 25 de Abril de 1974, o 10 de Junho era conhecido como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça. Oliveira Salazar, na inauguração do Estádio Nacional em 1944, tinha denominado também o dia 10 de Junho como o Dia da Raça, em memória das vítimas da guerra colonial. A partir de 1963, o feriado do 10 de Junho assumiu-se como uma homenagem às Forças Armadas e uma exaltação da guerra e do poder colonial.
Não se revendo neste feriado, em 1978 a segunda república converte-o em Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, homenageando os milhões de portugueses espalhados pelo mundo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

José Gomes ferreira

José Gomes Ferreira foi um poeta e ficcionista social e politicamente empenhado, atendendo às suas reacções e revoltas face aos problemas e injustiças do mundo bem presentes na sua escrita.
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Nascido no Porto em 1900, a viver em Lisboa desde os 4 anos, formou-se em Direito em 1924, tendo sido cônsul na Noruega entre 1925 e 1929. Após o seu regresso a Portugal, enveredou pela carreira jornalística, colaborando com de vários jornais e revistas, tais como a Presença, a Seara Nova e Gazeta Musical e de Todas as Artes.
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Da sua obra poética destacam-se, para além do volume de estreia, Lírios do Monte (1918), Poesia, Poesia II e Poesia III (1948, 1950 e 1961, respectivamente), recebendo este último o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores.
A sua obra poética foi reunida em 1977-1978, em Poeta Militante.
O seu pendor jornalístico reflecte-se nos volumes de crónicas O Mundo dos Outros (1950) e O Irreal Quotidiano (1971).
No campo da ficção escreveu O Mundo Desabitado (1960), Aventuras de João Sem Medo (1963), Imitação dos Dias (1966), Tempo Escandinavo (1969) e O Enigma da Árvore Enamorada (1980). O seu livro de reflexões e memórias A Memória das Palavras (1965) recebeu o Prémio da Casa da Imprensa.
É autor ainda de ensaios sobre literatura, tendo organizado, com Carlos de Oliveira, a antologia Contos Tradicionais Portugueses (1958).
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Vivam, apenas
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Vivam, apenas.
Sejam bons como o sol.
Livres como o vento
naturais como as fontes.
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Imitem as árvores dos caminhos
Que dão flores e frutos
Sem complicações.
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Mas não queiram convencer os cardos
A transformar os espinhos
Em rosas e canções.
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E principalmente não pensem na Morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
Que só são belos
Quando se desenham na terra em flores.
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Vivam, apenas.
A morte é para os mortos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dia Mundial dos Oceanos

Em 1992, durante a Cimeira da Terra, Conferência do Rio, foi criado o Dia Mundial dos Oceanos. A comemoração deste dia é uma excelente oportunidade para chamar a atenção para a importância dos Oceanos para o equilíbrio ecológico da Terra.
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Os oceanos têm um papel vital nas nossas vidas. Cobrindo mais de 70% da superfície da Terra, os oceanos contribuem para a regulação do clima dando origem à maior parte da precipitação, regulam os padrões de ventos e temperaturas e são responsáveis pela prestação de inúmeros serviços.

Apesar da sua extrema importância, os oceanos encontram-se actualmente ameaçados sob a pressão não só da sobrepesca - pesca excessiva - de algumas espécies, mas também de fenómenos como a destruição de habitat, poluição e a introdução de espécies exóticas invasoras, a que se associou recentemente o aquecimento global. É assim fundamental agir prontamente em prol da integridade deste mega-ecossistema que é Oceano Global formado pelos vários oceanos, com vista a assegurar o futuro, o nosso e o de todas as criaturas que nele habitam ou que dele dependem.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Prémio Camões 2010

O Prémio Camões foi criado em 1989 e é o prémio de maior prestígio da língua portuguesa, tendo como objectivo distinguir um escritor cuja obra contribua para a projecção e o reconhecimento da língua portuguesa.
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O poeta e dramaturgo brasileiro Ferreira Gullar é o mais recente distinguido com este prémio.
Nascido a 10 de Setembro de 1930, na capital do estado brasileiro do Maranhão, e a viver actualmente no Rio de Janeiro, tem uma longa carreira literária e de intervenção social e política.
Sempre bastante activo, mesmo com as restrições impostas pelo regime militar de 1964, foi preso e entrou na clandestinidade, seguindo-se o exílio em Moscovo, Santiago do Chile, Lima e Buenos Aires até ser absolvido e poder regressar.
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Em 2009, foi considerado uma das cem mais influentes personalidades do Brasil. Ou seja, um "resmungão", como ele próprio se assume, social e intelectualmente activo.
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Um poema de Ferreira Gullar que despertou a vontade de o ler.
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Metade
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Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflicta em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão

A 19 de Agosto de 1982, numa sessão extraordinária de emergência sobre a questão da Palestina, "consternada perante o grande número de crianças palestinas e libanesas que foram vítimas inocentes dos actos de agressão de Israel", a Assembleia Geral das Nações Unidas instituiu o dia 4 de Junho Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão.
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Decorridos vinte e oito anos, a tragédia é vivida em todo o mundo por milhões de crianças que sofrem os mais diversos e cruéis tipos de agressão: física, psicológica, sexual, …
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Denominado por muitos Século da Criança, o século XX foi palco de grandes conquistas que foram, em grande parte, possíveis graças aos estudos de psicólogos, educadores e sociólogos, que trouxeram uma nova “visão” da criança.
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Que seja agora (não esperemos por mais um século!) o tempo de nos redimirmos da indiferença, do silêncio, da cumplicidade, da resignação, da inacção, fazendo o que cada um e a todos cabe: denunciar, tomar partido, agir!
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Sobre a criança, deixo-vos este excerto de Rosto Precário de Eugénio de Andrade:
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“… a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer. Elas não conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade. Estas frágeis criaturas, as únicas desde a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue.
O sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos espíritos. O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus.”

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Boa leitura tristeza cura

A história é sempre a mesma.
A personagem principal é uma criança entre os cinco e os quinze anos, só e orgulhosa, só e inconformada com a sua solidão.
À sua volta, há outras crianças e alguns adultos com defeitos e feitios às vezes cómicos, às vezes tão tristes que dão vontade de rir.
A criança faz as coisas banais de uma vida infantil e banal: não faz nada. No fim da história, nada parece ter mudado, mas arrastaram-se móveis pesados, limparam-se os cantos à história de sempre.
É preciso abrir a janela, arejar esta casa.

É a última obra de Ana Saldanha.