sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mãe

Para Sempre
.
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 23 de abril de 2011

Dia Internacional do Livro

O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril. Trata-se de uma data simbólica para a literatura, já que, segundo os vários calendários, neste dia desapareceram escritores como Cervantes e Shakespeare.

A ideia da comemoração teve origem na Catalunha: a 23 de Abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo.

"Acredito que a vida de um livro enquanto está nas mãos do autor não é mais importante do que quando está nas mãos do leitor. O leitor é quase sempre um autor ele próprio. É ele que dá significado às palavras e por isso até acho muito interessante quando as pessoas me vêm apontar coisas que não eram minha intenção, mas que de facto estão lá. E há muitas outras coisas que foram minhas intenções e que nunca ninguém me referiu, e no entanto também lá estão. Se calhar alguém reparou nelas ou ainda vai reparar. Tudo o que um leitor leia num livro é legítimo porque nessa fase o leitor é tudo, é ele que faz o livro."

José Luís Peixoto

quarta-feira, 20 de abril de 2011

2011 - Ano Internacional das Florestas

Curta-metragem oficial do Ano Internacional das Florestas produzida pelo fotógrafo Yan Arthus-Bertrand, fundador da GoodPlanet e autor do premiado documentário Home.


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ferias a ler ...dá saúde e faz crescer

E para os mais crescidos... .

A acção do romance decorre no final dos anos 80 do século XX e invoca o tema da força da idolatria e a construção do êxito, visto a partir do interior de um grupo, narrado 21 anos mais tarde, na forma de um monólogo.
Como é habitual na obra da autora, a questão social é relevante - a força do todo e a aniquilação do indivíduo perante o colectivo são temas presentes neste livro.
A Noite das Mulheres Cantoras, de Lídia Jorge, propõe a quem o lê a história de seis figuras que passam a viver para sempre no nosso imaginário.

Férias a ler... dá saúde e faz crescer


Mais uma sugestão de leitura...

Greg não está na escola, pois chegaram as férias.
Toda a gente se diverte na rua. Mas onde está o Greg Heffley?
Enfiado em casa, a jogar videojogos, com as cortinas fechadas.
O Greg é assumidamente um «jovem caseiro» e está a viver as férias de sonho: sem regras e sem responsabilidades. Mas para a mãe dele as férias ideais incluem muitas actividades ao ar livre e a «união da família».
Qual deles conseguirá impor a sua opinião? Ou irá a chegada de um novo elemento à família Heffley mudar tudo?

Férias a ler... dá saúde e faz crescer

Era uma vez uma menina chamada Lulu e a Lulu era uma seca. Não era uma seca para comer. Não era uma seca para vestir. Era uma seca - uma grande seca - para tudo. Lulu era filha única e os pais davam-lhe tudo o que ela queria. E Lulu queria TUDO. Toneladas de guloseimas.Toneladas de brinquedos. Toneladas de horas de desenhos animados. E se o pai e a mãe lhe dissessem (e raramente diziam), "Desculpa, querida, mas agora já chega", Lulu guinchava até que as lâmpadas explodissem, atirava-se para o chão e esbracejava e ...


.Lulu e o Brontossauro, de Judith Viorst
.Uma sugestão de leitura para os mais pequenos

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A catar leitores

A CASA DA LEITURA lançou no dia 5 de Abril o seu novo projecto, CATA LIVROS. Destinado a jovens leitores, tem por objectivo usar a internet para os aproximar de um conjunto de títulos essenciais da literatura para infância e juventude, com destaque para a produção nacional, num modelo que, sem perder rigor científico, assenta no carácter lúdico e interactivo das narrativas e desafios propostos.

Espreitem já! . http://www.catalivros.org/


segunda-feira, 4 de abril de 2011

O livro recorda

Coube este ano a Aino Pervik. a mensagem para o Dia Internacional do Livro Infantil
Nascida em 1932, na Estónia, Pervik publicou cerca de meia centena de livros para crianças, a par de poesia e narrativas para adultos. Distinguida com vários e prestigiosos prémios e traduzida em diversas línguas, algumas das suas obras têm sido adaptadas ao teatro e ao cinema.

. .................................O livro recorda

“Quando Arno e o seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado.”

No meu país, a Estónia, quase toda a gente conhece esta frase de cor. É a primeira linha de um livro intitulado Primavera. Publicado em 1912, é da autoria do escritor estónio Oskar Luts (1887-1953).

Primavera narra a vida de crianças que frequentavam uma escola rural na Estónia, em finais do século XIX. O Autor escrevia sobre a sua própria infância e Arno, na verdade, era o próprio Oskar Luts na sua meninice.

Os investigadores estudam documentos antigos e, com base neles, escrevem livros de História. Os livros de História relatam eventos que aconteceram, mas é claro que esses livros nunca contam como eram de facto as vidas das pessoas comuns em certa época. Os livros de histórias, por seu lado, recordam coisas que não é possível encontrar nos velhos documentos. Podem contar-nos, por exemplo, o que é que um rapaz como Arno pensava quando foi para a escola há cem anos, ou quais os sonhos das crianças dessa época, que medos tinham e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais dessas crianças, como queriam ser e que futuro desejavam para os seus filhos.

Claro que hoje podemos escrever livros sobre os velhos tempos, e esses livros são, muitas vezes, apaixonantes. Mas um escritor actual não pode realmente conhecer os sabores e os cheiros, os medos e as alegrias de um passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu depois e o que o futuro reservava à gente de então.

O livro recorda o tempo em que foi escrito.

A partir dos livros de Charles Dickens, ficamos a saber como era realmente a vida de um rapazinho nas ruas de Londres, em meados do século XIX, no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (coincidentes com o olhar de Dickens nessa época), vemos todo o tipo de personagens que ao tempo viviam na Inglaterra – que relações tinham, e como os seus pensamentos e sentimentos influenciaram tais relações. Porque David Copperfield era de facto, em muitos aspectos, o próprio Charles Dickens; Dickens não precisava de inventar nada, ele pura e simplesmente conhecia aquilo que contava.

São os livros que nos permitem saber o que realmente sentiam Tom Sawyer, Huckleberry Finn e o seu amigo Jim nas viagens pelo Mississipi em finais do século XIX, quando Mark Twain escreveu as suas aventuras. Ele conhecia profundamente o que as pessoas do seu tempo pensavam sobre as demais, porque ele próprio vivia entre elas. Era uma delas.

Nas obras literárias, os relatos mais verosímeis sobre gente do passado são os que foram escritos à época em que essa mesma gente vivia.

O livro recorda.

.E nós recordamos, vivemos, revivemos com ele.
. .................................................