quinta-feira, 28 de março de 2013

Páscoa Feliz... a ler



E aqui fica uma sugestão para os mais pequenos e não só!

O Livro da Páscoa, de Isabel Lamas

Para conhecer a  história, as tradições, os contos, os desenhos, os enfeites, ... 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Primavera



Primavera

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida  - e efêmera.
Cecília Meireles

sexta-feira, 15 de março de 2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

A Fábrica do Tempo

A Fábrica do Tempo,
de Sílvia Alves e com ilustração de Pierre Pratt

Passado, presente e futuro coabitam na grande fábrica do tempo. Esta divide-se em três salas, separadas por duas portas. A do passado não tem janelas e é onde dormem os anos idos, a do futuro “é um imenso corredor repleto de janelas, cheio de luz”, e ali moram os anos vindouros. No meio, a sala do presente, onde habita o ano em que nos encontramos. “A sua tarefa é cuidar do nascimento de todos os dias.”

Perto de chegar ao fim da sua existência, o ano presente convoca os anos passados e três anos novos, candidatos ao futuro imediato. Queria que o ajudassem numa ideia: “E se eu pudesse escolher o ano, o melhor entre todos, para me suceder e corresponder às expectativas de todas as mulheres, homens e crianças?” Depois de muita agitação entre o passado e o futuro, um candidato põe todos de acordo: “Acho muito difícil contentar toda a gente ao mesmo tempo. (…) O destino de cada um a cada um pertence.”

                                                                    
  in página Crianças do Público de 23 de fevereiro