quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Escrever + ... depois de Ler + ?

"Acho que fazia sentido, politicamente, desenvolver também um Plano Nacional de Escrita", declarou o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, na conferência de abertura da 10ª edição do encontro literário de expressão ibérica Correntes d'Escritas, que decorreu entre 11 e 14 de Fevereiro, na Póvoa de Varzim.
"O Plano Nacional de Leitura é um êxito e acho que talvez fosse possível fazer um Plano Nacional de Escrita, isto é, empenharmo-nos em também ensinar a escrever às pessoas que estão na primeira classe, na segunda classe, na terceira e na quarta classes e, depois, durante todo o secundário", acrescentou.
Afirmando ainda que "Tudo começa aqui, na escrita. É através da escrita que se guarda e conhece a história da humanidade", o ministro veio deste modo juntar a sua voz àquelas, e são muitas, que têm vindo a defender uma intervenção concertada no que à escrita diz respeito, já que queremos lei(escri)tores competentes.
"Quem lê e não sabe escrever é mudo."
Carlo Dossi

"É bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão"
Cesare Pavese

"Um homem não pode bem escrever se não gostar um pouco de ler."
Clément Marot

"É a escrever mal que se aprende a escrever bem."
Samuel Johnson

"Escrever é lembrar-se. Mas ler é também lembrar-se. "
François Mauriac

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Carnaval

Beleza e sobriedade
Imagens de um Carnaval vivido de forma diferente e a provarem que o Carnaval não tem de ser celebrado com vulgaridade e mau gosto.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A dança do fogo

"Soy lo que bailo"
Maria Pagés
Maria Pagés, bailaora de flamenco reconhecida internacionalmente, integrou em 1995 a companhia irlandesa Riverdance com a qual correu mundo.
Aqui fica um dos mais belos momentos da sua actuação.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ler é poder

Um poema magnífico de Carlos Tê a que a voz de Rui Veloso deu o sentimento de todos aqueles que, não sabendo ler, "sentem o escuro dentro de si, se sentem pederneira, ficam sentados à soleira a ouvir os ruídos do mundo".
Já dizia o poeta "Há mais luz nas letras do alfabeto que em todas as estrelas do universo."

A gente não lê

Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós,
Rezar o terço ao fim da tarde,
Só pr'a espantar a solidão,
E rogar a Deus que nos guarde,
Confiar-lhe o destino na mão.

Que adianta saber as marés,
Os frutos e as sementeiras,
Tratar por tu os ofícios,
Entender o suão e os animais,
Falar o dialecto da terra,
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais.

E do resto entender mal,
Soletrar assinar de cruz,
Não ver os vultos furtivos,
Que nos tramam por trás da luz.

Ai senhor das furnas,
Que escuro vai dentro de nós,
A gente morre logo ao nascer,
Com os olhos rasos de lezíria,
De boca em boca passando o saber,
Com os provérbios que ficam na gíria.

De que nos vale esta pureza,
Sem ler fica-se pederneira,
Agita-se a solidão cá no fundo,
Fica-se sentado à soleira,
A ouvir os ruídos do mundo,
E a entendê-los à nossa maneira.

Carregar a superstição,
De ser pequeno ser ninguém
Mas não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

É Mia Couto!

Origatório ler!
(mesmo sabendo que estou a infringir o 1º direito inalienável do leitor, segundo Daniel Pennac)

Mia Couto: Perguntas à língua portuguesa
Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.
A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o vôo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem, é idimensões? Assim, embarco nesse gozo de ver como a escrita e o mundo mutuamente se desobedecem.
Meu anjo da guarda, felizmente, nunca me guardou.
Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia. Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica.
Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulburbio.
No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.
Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:
Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?
A diferença entre um às no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
O mato desconhecido é que é o anonimato?
O pequeno viaduto é um abreviaduto?
Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente?
Quem vive numa encruzilhada é um encruzilheu?
Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?
Tristeza do boi vem dele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?
O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?
Onde se esgotou a água se deve dizer: “aquabou”?
Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?
Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?
Mulher desdentada pode usar fio dental?
A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?
As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: “finanças”?
Um tufão pequeno: um tufinho?
O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?
Em águas doces alguém se pode salpicar?
Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?
Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?
Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?
Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?
Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocamos essoutro português - o nosso português - na travessia dos matos, fizemos que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.
Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas - o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos antigos. Devolver a estrela ao planeta dormente.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

2009 - Ano Internacional da Astronomia

O Ano Internacional da Astronomia 2009, uma iniciativa a nível mundial, organizada em Portugal pela Sociedade Portuguesa de Astronomia, apresenta diversas actividades de indiscutível interesse, entre as quais:
* Exposição “Da Terra ao Universo”
* E agora eu sou Galileu
* Noite da Astronomia – noite das estrelas
* “Sidereus Nuncius”
* Kit do Astrónomo
* Série de Selos AIA2009
Tendo como público-alvo as escolas, merecem destaque:
* Palestras e sessões de observação em escolas
* Curso de Formação para Professores
* Concurso Astronomia Artística
Para mais informações:

A propósito, sabiam que…
* Se o Sol morresse de morte súbita, nós só o saberíamos 8 minutos e 15 segundos depois? Isto porque a luz leva esse tempo a chegar até nós.
* Estima-se que a nossa galáxia, a Via-Láctea, seja composta por aproximadamente 200 biliões de estrelas.
* As estrelas não ”piscam”. Nós vemos as estrelas a piscar por causa da turbulência da atmosfera terrestre que interfere na luz emitida por elas.
* “Planeta” em grego significa “errante”, “viajante”. Os gregos da Antiguidade denominaram estes corpos celestes de planetas porque os observavam "viajando" entre as estrelas “fixas”.
* Se o Sol fosse comparado a uma bola de basquete, Júpiter seria uma bola de golfe; Saturno, uma bolinha de ping-pong; Urano e Neptuno, berlindes; Plutão, seria menor que a metade da cabeça de um alfinete.
* Se morássemos em Neptuno, nunca faríamos anos, pois um ano é o tempo que o nosso planeta leva para dar a volta ao Sol, e Neptuno leva 165 anos terrestres para fazer essa trajectória.

Fiquem agora na companhia de Olavo Bilac.

Ouvir as estrelas
"Ora direis ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".