quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um novo ano...

Recomeça…

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Feliz Natal!



Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.


David Mourão-Ferreira

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Nataler tem!


Apaga as luzes! É tempo de transformar o teto do teu quarto num céu noturno cheio de estrelas!
Este e outros desafios da Kidz Labs, Fun Science Products, estão à tua espera na Feira do Livro, na BECRE.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A Nataler tem!

A rapariga das laranjas, de Jostein Gaarder

O que fazer quando um pai, falecido demasiado cedo para nos lembrarmos dele, decide falar com o filho, através de uma carta escrita há onze anos?

Esta é a experiência de Georg Roed, de quinze anos, quando a família descobre a carta do seu pai. Juntos, Georg e o pai vão dialogar e manter finalmente a conversa de adultos que não puderam ter em vida. Nessa carta, Jan Olav, o pai de Georg procura uma bela rapariga carregada com um saco de laranjas. Nada o demove, nem o facto de não saber nada dela, nem o nome. Procura-a com todo o entusiasmo da juventude, enquanto imagina qual a razão que a leva a atribuir um valor tão grande às laranjas que ele, desastradamente, fez rolar nesse primeiro encontro. Georg mergulha nesta aventura descrita com grande paixão pelo pai, falecido quando ele tinha apenas quatro anos.

Através de uma belíssima carta de amor para um filho de quem o pai sabe que não poderá acompanhar o crescimento, esta obra é um hino à vida e ao mistério insondável que ela encerra.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Nataler tem!

Em Quantas Ovelhas são Precisas para Fazer Uma Camisola?, os melhores investigadores respondem às mais importantes e curiosas questões científicas.

Por que é que os nossos dedos têm tamanhos diferentes?

E o que é exactamente o tempo?

E será que as bolas de golfe têm covinhas por algum motivo especial?

Estas e muitas outras perguntas encontram explicações neste livro, no qual estão reunidas as respostas de alguns dos mais reputados cientistas britânicos.

Em Quantas Ovelhas são Precisas para Fazer Uma Camisola?, o mundo aparece sem segredos, esclarecendo dúvidas muito variadas, desde as que envolvem a conceção do universo e os sentimentos, até às que envolvem os sentimentos, o funcionamento do corpo humano e o dia-a-dia de uma casa.

Um livro para mentes curiosas e apaixonadas pelos mistérios da ciência!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Nataler

A 3ª edição da feira do livro Nataler decorre de 28 de novembro a 16 de dezembro.

Venham à BECRE! Muitos autores, muitas obras, novidades editoriais,...

Ficamos à vossa espera!


Eu nataleio, tu natalês... todos nataleem!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lusco-fusco

Lusco-fusco, de Cristina Carvalho, fala do mundo dos espíritos da Natureza. Fala de personagens subtis, etéreas, delicadas, algumas delas perigosas e cheias de mistério. São os gnomos e as fadas, os silfos, as salamandras e outros seres que, lá das profundidades do imponderável azul celeste ou vindos dos mais secretos esconderijos na Terra e no Mar, tudo determinam com exatidão e rigor: os terramotos, os furacões, os tsunamis, os vulcões.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Eva


Eva, de Margarida Botelho, é a história documental de duas culturas que poderão ter mais coisas em comum do que à partida se imagina.
Eva ou Evas… uma menina que vive na Europa, num país que poderá ser Portugal, e outra menina que vive em África, num país que poderá ser Moçambique.
Eva é o primeiro livro da coleção POKA POKANI. Esta coleção é parte integrante de um projeto artístico de intervenção comunitária que assenta na criação, e no registo documental, de histórias na primeira pessoa, originárias de geografias lusófonas e não só. O projeto, que celebra o encontro entre diferentes mundos, terá as imagens e as palavras dos vários participantes locais, que a autora e mediadora Margarida Botelho reflete numa visão em forma de livro depois de cada encontro.
O primeiro destes encontros teve lugar em Moçambique em 2009/2010, com o apoio da Dgartes, da Unesco e do Centro Nacional de Cultura. E assim nasceu o primeiro livro da colecção: Eva, entre a vivência num campo de refugiados e numa ilha de espíritos, a de Moçambique.



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Jorge de Sena

A 2 de Novembro de 1919, nasce, em Lisboa, o escritor português Jorge de Sena. A sua obra abrange a ficção, o ensaio e a poesia.

A Diferença Que Há


A diferença que há entre os estudiosos e os poetas
É que aqueles passam a vida inteira com o nariz num assunto
A ver se conseguem decifrá-lo, e estes
Abrem o livro, lêem três páginas, farejam as restantes (nem sequer todas)
e sabem logo do assunto o que os outros não conseguiram saber.
Por isso, os estudiosos têm raiva dos poetas, capazes de ler tudo sem
Ter lido nada ( e eles não leram nada tendo lido tudo).
O mal está em haver poetas que abusam do analfabetismo,

E desacreditam a gaya Scienza.

Jorge de Sena

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Parabéns a...nós

Do Agrupamento de Escolas de D.Fernando II e da BECRE!

No dia 29 de outubro, o Agrupamento faz 43 anos e a BECRE comemora o 2º aniversário.

Estamos felizes pelo que já fizemos, mas sabemos que muito, muito ainda, há para fazer! E vamos fazê-lo!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Abraço

José Luís Peixoto, um dos autores mais marcantes da atualidade, fala-nos da infância, do Alentejo, do amor, da escrita, da leitura, das viagens, das tatuagens, ... da vida.

Através de uma imensa diversidade de temas e registos, José Luís Peixoto escreve sobre si próprio com invulgar desassombro. Intimista, nunca se esquece do leitor, abraçando-o, levando-o por um caminho que passa pela ternura , pelo sorriso e por aquela sabedoria que se alcança com o tempo.

Para muitos, esta obra é a confirmação do seu génio e da excelência da sua escrita, para outros é a porta de entrada para o seu mundo.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nobel da Literatura 2011

O poeta suecoTomas Tranströmer é o Nobel da Literatura 2011.
Tranströmer, 80 anos, escreve sobre a morte, a história, a memória, e é é o poeta sueco mais traduzido em todo o Mundo.
Começou a publicar poesia aos 23 anos e o seu primeiro livro intitulava-se 17 dikter (17 Poemas).
Publicou cerca de 15 obras numa longa carreira dedicada à escrita e recebeu numerosos galardões literários, como o Prémio Literário do Conselho Nórdico, em 1990.
A antologia Vinte e um poetas suecos que inclui poemas de Tranströmer vai ser reeditada brevemente pela editora Nova Vega. Organizada por Vasco Graça Moura e Ana Hatherly, esta antologia, lançado pela primeira vez em 1981 com uma selecção de poetas suecos, teve ainda a participação dos tradutores e escritores Almeida Faria, Casimiro de Brito e Teresa Salema.
Eis dois poemas que, no início do ano, foram publicados pelo blogue Poesia Ilimitada :


A árvore a nuvem

Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,
com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
como um melro ante um jardim de fruta.

Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.
Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,
à espera, como nós, do instante
em que flocos de neve floresçam no espaço.

Desde a montanha

Estou na montanha e vejo a enseada.
Os barcos descansam sobre a superfície do verão.
«Somos sonâmbulos. Luas vagabundas.»
Isso dizem as velas brancas.

«Deslizamos por uma casa adormecida.
Abrimos as portas lentamente.
Assomamo-nos à liberdade.»
Isso dizem as velas brancas.

Um dia vi navegar os desejos do mundo.
Todos, no mesmo rumo – uma só frota.
«Agora estamos dispersos. Séquito de ninguém.»
Isso dizem as velas brancas.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ler a República

7 x 1910
Histórias da República
de Margarida Fonseca Santos

Sete histórias cujas personagens principais, falando na primeira pessoa, são objectos carregados de simbologia. O Mapa Cor-de-Rosa é acusado de estar na origem do célebre Ultimatum de 1890, um antecedente que terá contribuído para o assassinato de D. Carlos I e, mais tarde, para a implantação da República. A Bala que estava dentro da pistola do Almirante Cândido dos Reis que se suicidara, pensando que a revolução tinha falhado. Acompanhado por um ordenança, o diplomata alemão preocupado com a vida dos estrangeiros que residiam no Avenida Palace pega na Bandeira Branca e segue rumo ao Marquês de Pombal, onde se encontravam muitos Republicanos. Estes, ao verem-no chegar com a bandeira branca, pensaram que a Monarquia se tinha rendido. A Coroa Real que vive despeitada porque nunca mais foi posta numa cabeça de rei ou rainha desde o tempo de D.João IV. O Navio de Guerra que, quando disparou sobre os edifícios do Ministério, teve a certeza de que minou a confiança dos militares que defendiam a Monarquia. O Iate Real D. Amélia que levaria o rei deposto D. Manuel II e toda a família real até Gibraltar, onde ficariam a salvo.

Saber é poder!

Outubro, Mês Internacional da Biblioteca Escolar


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Outono a Ler

Esqueci-me como se chama, de Daniil Harms

Entre outras histórias e poemas bem humorados, assitimos a um hilariante diálogo sobre uma visita a um jardim zoológico, a uma corrida que alguns animais fazem para descobrir quem será o mais rápido, conhecemos o Vova, personagem que parece estar condenado a beber eternamente óleo de peixe, descobrimos como gritam os ouriços e como é possível alguém não conseguir dizer gaulinha, quer dizer, gaulinhalinha, ou seja, galinhalenha... ficamos a saber como contrariar a teimosia de um burro, ...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O primeiro dia de escola

O primeiro dia de escola, de António Mota

Aproxima-se o primeiro dia de escola para a Inês. Ela anda irrequieta e ansiosa, e não pára de fazer perguntas. António, o irmão mais velho, diverte-se imenso com a situação e inventa respostas mirabolantes que a deixam ainda mais desconcertada. Fala-lhe da comida da cantina, que inclui "formigas fritas com pimenta", e dos "olhos mágicos dos pratos" que adivinham tudo o que nós pensamos. Inês fica espantada. Até um pouco assustada! Mas logo o avô Júlio recorda a primeira vez que foi à escola, numa história que mete sonhos, os conselhos da sua avó Rosa e a descoberta de um novo mundo, naqueles que foram "os dias mais doces" da sua vida.

António Mota escreve sobre o crescimento e o encontro com novas realidades, sobre a família e a partilha de sentimentos, sobre a amizade que se conquista e se fortalece. Amanhã, Inês irá feliz para a escola, com a sua mochila cheia de livros e cadernos e material novinho a estrear, sabendo que o medo é apenas "uma mancha branca, parecida com uma nuvem" que os avós podem fazer desaparecer…

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Reencontro

Recomeçar
...
Recomeçar…
Hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você quer chegar?
Ir alto…
Sonhe alto…
...
.Carlos Drummond de Andrade

Um ótimo 2011-2012!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Verão a ler...

A Educação Sentimental dos Pássaros, Onze contos, onze histórias, onze cenários, onze possibilidades
de José Eduardo Agualusa

Onze contos, onze histórias, onze cenários, onze possibilidades que têm em comum a preocupação sobre a origem e a natureza do mal. Anjos e demónios caminham entre nós e nem sempre se distinguem uns dos outros.
José Eduardo Agulausa joga com as palavras e vira as probabilidades ao contrário. Diz que, às vezes, as histórias lhe aparecem enquanto dorme, que nunca sabe como terminará uma personagem que lhe surgiu mesmo que seja um anjo. Ou um demónio.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Gatas Borralheiras...

Gata Borralheira e Contos Similares é o primeiro livro da colecção Contos Tradicionais Europeus.

Neste primeiro título da colecção, Francisco Vaz Silva dá-nos a conhecer as inúmeras versões deste conto tradicional. As Gatas Borralheiras de Itália, da Suécia, ...vão povoar o nosso imaginário.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A árvore vermelha

A árvore vermelha é uma obra de Shaun Tan, escritor e autor australiano que, este ano, recebeu o prémio Astrid Lindgren, o mais importante prémio da literatura infantil.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Voos de Verão

Voo Nocturno, de Antoine de Saint-Exupéry

O Voo do Golfinho, de Ondjaki

O grande voo do pardal, de Lídia Jorge

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ler no Verão...

Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães, de Manuel António Pina e Pedro Proença
A Cidade dos Cães e Outras Histórias, de Luísa Ducla Soares
Gatos e Mais Gatos, de Doris Lessing

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ler no Verão...




É uma boa opção!



Umas férias com música, de Ana Saldanha

Boas férias, Miguel!, de Maria Teresa Maia Gonzalez

As férias de Maigret, de Georges Simenon

terça-feira, 26 de julho de 2011

Viajar... a ler

Viagens Contadas
Marrocos, Nepal, Patagónia, Noruega e outros circuitos, de Maria João Ruela

Pessoas e destinos que a jornalista da SIC, Maria João Ruela, vai encontrando e que aqui nos apresenta .

Conheceremos Juana, uma mulher bonita e vistosa, que em Punta Arenas, Chile, aluga 12 quartos decorados em estilo art noveau e serve cafés a viajantes perdidos; Armad, o pastor que apareceu no meio dos Pirenéus, como um autêntico salvador, quando se abatia um autêntico dilúvio de proporções bíblicas; a Xana e o Nuno, companheiros de viagem em autocaravana pela Noruega; Porter, um rapaz de pele escura e cabelo liso sem jeito, um aspirante a guia que, no Nepal, se tornou carregador e companheiro de esforço.

«As montanhas são sempre tristes e gélidas antes de o nascer do sol. A neve sem luz exala um desconforto frio, que dá vontade de fugir em vez de me aproximar. Foi assim que olhei, pela primeira vez, para as pirâmides sentinela dos Annapurnas, massas gigantes de neve e gelo (…)»

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Desafios...

Para os mais pequenos desenvolverem a memória, o raciocínio e a concentração, aqui fica a proposta Desafios Mentais, da colecção Doutor Génio.

Uma forma divertida de ocupar alguns momentos deste Verão. Sim, porque descansar não é parar! A massa cinzenta precisa de fazer exercício para que o cérebro se mantenha de boa saúde!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Eu veraneio ... e leio!

Nesta sua última obra, Gonçalo Cadilhe revela alguns momentos que o marcaram enquanto viajante. .

São os encontros marcados pelo destino e que mostram o que nos pode acontecer a viajar pelo mundo; ou em casa a ler sobre esse mundo; ou na vida, quando crescemos,... e só mais tarde, ao olhar para trás, percebemos a marca que deixou.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Eu veraneio ... e leio!

Ladrão de Sombras

de Marc Levy

No seu novo romance, Marc Levy conta a história de um rapazinho com um dom invulgar: ele consegue "roubar" as sombras das pessoas com quem se cruza. Ao princípio, acontece-lhe involuntariamente e isso chega a assustá-lo. Sempre que se cruza com alguém - seja um amigo, um inimigo ou um perfeito desconhecido -, a sombra da outra pessoa passa a segui-lo. Por vezes contra a vontade do rapaz, as sombras contam-lhe os mais profundos desejos, temores e aspirações das pessoas a quem pertencem. E o rapaz vê-se em mãos com um dom que traz uma grande responsabilidade: ao saber estes segredos, terá de ajudar as pessoas - ajudá-las a recuperar "essa pequena luz que lhes iluminará a vida". Durante umas férias de Verão à beira-mar, apaixona-se por uma rapariga muda, chamada Cléa, com quem comunica através da sua sombra. E a sombra deste primeiro amor acompanhá-lo-á durante anos… Mais tarde, o nosso "ladrão de sombras" torna-se estudante de Medicina, ...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Boas férias


Eu (não) estou de férias
Tu estás de férias?
Ele já está de férias!
Nós estamos de férias...
Vós estais de férias.
Eles estão de férias?

Vamos todos viajar?
Tu vais de bicicleta?
E se fôssemos todos ... de livro?

quinta-feira, 23 de junho de 2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dança quando chegares ao fim

É o título de uma obra para os mais pequenos da autoria de Richard Zimler e com ilustração de Bernardo Carvalho.

Em Dança quando chegares ao fim, bons conselhos de amigos animais, tucanos e perdizes, papa-figos e pangolins espalham a sua sabedoria dando 29 "bons conselhos de amigos animais" para seguir desde que acordas até à hora de deitar!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fernando Pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura universal. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".


O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Alberto Caeiro

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades

O Poeta cantou Portugal.
Outros cantaram o Poeta.
Sophia de Mello Breyner fê-lo assim.

Camões e a tença

Irás ao Paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.


Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.

E aqueles que invoscaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.

Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.

Este país te mata lentamente.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dia da Criança

A propósito deste e de todos os dias, aqui fica uma sugestão de leitura para miúdos e gráudos.


De Maria Teresa Maia Gonzalez, Tantos Meninos Diferentes e Todos Surpreendentes é uma colectânea de textos rimados que mostra como, independentemente de raças, nacionalidades, etnias, religiões, níveis socioculturais, dons e doenças ou deficiências de que possam ser portadores, os seres humanos são todos iguais em dignidade e direitos, e merecedores de respeito e estima.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Nweti e o Mar

No dia em que fez seis anos Nweti acordou feliz. A almofada cheirava a mar, e ela sentia-se como se tivesse regressado de um longo mês de férias, numa praia distante, de areia fina e muito branca e água cor de esmeralda. Ao longo desse dia vieram-lhe à memória imagens de um sonho: golfinhos saltando. Uma menina nadando entre os golfinhos.
...

Uma obra de José Eduardo Agualusa que nos leva à (re)desdescoberta do poder dos sonhos, da amizade e do amor através do olhar de uma menina de seis anos

quinta-feira, 19 de maio de 2011

De arriscado a informado

Um Click Arriscado é um livro que, através da história do Pedro, da Lili e do cão Óscar, ensina às crianças os riscos de navegar na Internet, sensibilizando também pais e educadores para esta temática. Conta a história de dois irmãos, Pedro e Lili, e do seu cão Óscar, que adoram jogar na Internet. Um dia, enquanto jogam, clicam numa janela pop-up e são "sugados" para dentro do computador. Lá, vêem uma luta entre "guerreiros malvados e heróis corajosos", ou seja, entre vírus e antivírus. Moral da história: ter sempre um antivírus actualizado para navegar com segurança na Internet.
Esta obra surge no âmbito do projecto "Tu e a Internet", desenvolvido desde 2008, com o apoio da Universidade do Porto, e resulta da parceria entre Filipa Falcão Reis, especialista em Informática, Diana Vaz Ribeiro, licenciada em Psicologia, e Gil Araújo, estudante de Belas Artes, responsável pela ilustração do livro.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Prémio Camões 2011

O escritor português Manuel António Pina é o vencedor do Prémio Camões 2011, o mais importante galardão de língua portuguesa.
Poeta, autor de livros para crianças e cronista, Manuel António Pina, de 67 anos, nasceu no Sabugal, é licenciado em Direito, foi jornalista e é tradutor, professor e cronista.

Instituído em 1989 por Portugal e pelo Brasil, o Prémio Camões visa distinguir um escritor cuja obra tenha contribuído para a projecção e reconhecimento da língua portuguesa.

Manuel António Pina junta-se agora ao poeta brasileiro Ferreira Gullar, distinguido no ano passado, ao escritor cabo-verdiano Arménio Vieira (2009), ao brasileiro João Ubaldo Ribeiro (2008) e ao português António Lobo Antunes (2007).
Miguel Torga foi o vencedor da primeira edição do prémio, em 1989.

Eis alguns títulos da vasta obra de Manuel António Pina:

"O país das pessoas de pernas para o ar"
"Ainda não é o fim nem o princípio do Mundo, calma é apenas um pouco tarde"
"Gigões & anantes"
"O têpluquê"
"O pássaro da cabeça"
"Os dois ladrões"
"Nenhum sítio"
"História com reis, rainhas, bobos, bombeiros e galinhas"

"Os piratas"
"Um sítio onde pousar a cabeça"

"O tesouro"
"Histórias que me contaste tu"
"Pequeno livro de desmatemática"
"Poesia reunida"

"Perguntem aos vossos gatos e aos vossos cães"
"Os livros"

E da sua última obra,"História do sábio fechado na sua biblioteca", aqui ficam as primeira linhas para aguçar o apetite.

Era uma vez um Sábio chinês que vivia há muitos anos fechado na sua Biblioteca e sabia tudo, tudo. Nada do que existia, e até do que não existia, tinha para ele segredos. Sabia quantas estrelas há no céu e quantos dias tem o mundo. Conversava com os animais e com as plantas e conhecia o passado, o presente e o futuro. Ora, como conhecia todas as coisas, a sua vida era, claro, muito triste e desinteressante. Mesmo as coisas mais misteriosas, como, por exemplo, os cortinados agitando-se com o vento, ou, à noite, os móveis rangendo como se falassem uns com os outros, não tinham para ele qualquer mistério. Até que um dia um estrangeiro bateu à porta da Biblioteca…

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Primaver a ler dá saúde e faz crescer

Saudade, um conto para sete dias, de Claudio Hochman e João Vaz de Carvalho.

Num país muito distante, vivia o Rei mais sábio que alguma vez habitou a Terra. Sabia falar todas as línguas, mesmo todas: o persa, o italiano, o mandarim, o guarani, o iídiche, o finlandês... Era um dicionário vivo. Sabia o significado de todas as palavras. Todas as segundas-feiras, lançava um desafio. Qualquer pessoa se podia inscrever e aquela que fosse selecionada podia perguntar ao Rei o que quisesse e ele, claro, para tudo tinha uma resposta. Na segunda-feira em que começa este conto, coube a vez a um homem, um tal Fernando. Fernando vinha de uma Cidade onde as calçadas têm desenhos a preto e branco e, à medida que o dia avança, vão mudando de forma. Fernando entrou com o seu fatinho, a sua gravatinha, o seu bigodinho e os seus óculos pequeninos. Da sua pastinha, tirou um caderno onde estavam anotadas as suas dúvidas e perguntas...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Concurso Abre a pestana e começa a ler!

Já temos os vencedores do Concurso Abre a pestana e começa a ler!. .

Ó menino bonito,
Se queres crescer e aprender
Vai para a escola, pega nos livros,
Abre a pestana e começa a ler”


JI de Ranholas – 4/5 anos


Princesas, bruxas, duendes e fadas
andam connosco sempre de mãos dadas.
Não é nada difícil é só aprender:
abre a pestana e começa a ler!

.
EB1 da Portela, 2º A

Se muita imaginação alguém procurar
Romance e suspense quiser encontrar
Se muita aventura e acção queres ver
Abre a pestana e começa a ler!

.
6º B, EB 2, 3 D. Fernando II

Quando a vida te deixar ficar mal,
A leitura ajudar-te-á a erguer
Compêndio? Livro? Jornal?
Abre a pestana e começa a ler!

.
8ºB, EB 2, 3 D. Fernando II
.
De parabéns estamos todos pela participação e pela qualidade dos trabalhos! E para verem que assim é, vão à plataforma BECRE e leiam todas as quadras.

Feira do Livro

De 3 a 13 de MaioFeira do Livro na BECRE.

Romance, aventura, mistério, ficção... novidades a não perder!

Abre a pestana e começa (se ainda não começaste) a ler!

Esperamos por ti!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mãe

Para Sempre
.
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 23 de abril de 2011

Dia Internacional do Livro

O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril. Trata-se de uma data simbólica para a literatura, já que, segundo os vários calendários, neste dia desapareceram escritores como Cervantes e Shakespeare.

A ideia da comemoração teve origem na Catalunha: a 23 de Abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo.

"Acredito que a vida de um livro enquanto está nas mãos do autor não é mais importante do que quando está nas mãos do leitor. O leitor é quase sempre um autor ele próprio. É ele que dá significado às palavras e por isso até acho muito interessante quando as pessoas me vêm apontar coisas que não eram minha intenção, mas que de facto estão lá. E há muitas outras coisas que foram minhas intenções e que nunca ninguém me referiu, e no entanto também lá estão. Se calhar alguém reparou nelas ou ainda vai reparar. Tudo o que um leitor leia num livro é legítimo porque nessa fase o leitor é tudo, é ele que faz o livro."

José Luís Peixoto

quarta-feira, 20 de abril de 2011

2011 - Ano Internacional das Florestas

Curta-metragem oficial do Ano Internacional das Florestas produzida pelo fotógrafo Yan Arthus-Bertrand, fundador da GoodPlanet e autor do premiado documentário Home.


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ferias a ler ...dá saúde e faz crescer

E para os mais crescidos... .

A acção do romance decorre no final dos anos 80 do século XX e invoca o tema da força da idolatria e a construção do êxito, visto a partir do interior de um grupo, narrado 21 anos mais tarde, na forma de um monólogo.
Como é habitual na obra da autora, a questão social é relevante - a força do todo e a aniquilação do indivíduo perante o colectivo são temas presentes neste livro.
A Noite das Mulheres Cantoras, de Lídia Jorge, propõe a quem o lê a história de seis figuras que passam a viver para sempre no nosso imaginário.

Férias a ler... dá saúde e faz crescer


Mais uma sugestão de leitura...

Greg não está na escola, pois chegaram as férias.
Toda a gente se diverte na rua. Mas onde está o Greg Heffley?
Enfiado em casa, a jogar videojogos, com as cortinas fechadas.
O Greg é assumidamente um «jovem caseiro» e está a viver as férias de sonho: sem regras e sem responsabilidades. Mas para a mãe dele as férias ideais incluem muitas actividades ao ar livre e a «união da família».
Qual deles conseguirá impor a sua opinião? Ou irá a chegada de um novo elemento à família Heffley mudar tudo?

Férias a ler... dá saúde e faz crescer

Era uma vez uma menina chamada Lulu e a Lulu era uma seca. Não era uma seca para comer. Não era uma seca para vestir. Era uma seca - uma grande seca - para tudo. Lulu era filha única e os pais davam-lhe tudo o que ela queria. E Lulu queria TUDO. Toneladas de guloseimas.Toneladas de brinquedos. Toneladas de horas de desenhos animados. E se o pai e a mãe lhe dissessem (e raramente diziam), "Desculpa, querida, mas agora já chega", Lulu guinchava até que as lâmpadas explodissem, atirava-se para o chão e esbracejava e ...


.Lulu e o Brontossauro, de Judith Viorst
.Uma sugestão de leitura para os mais pequenos

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A catar leitores

A CASA DA LEITURA lançou no dia 5 de Abril o seu novo projecto, CATA LIVROS. Destinado a jovens leitores, tem por objectivo usar a internet para os aproximar de um conjunto de títulos essenciais da literatura para infância e juventude, com destaque para a produção nacional, num modelo que, sem perder rigor científico, assenta no carácter lúdico e interactivo das narrativas e desafios propostos.

Espreitem já! . http://www.catalivros.org/


segunda-feira, 4 de abril de 2011

O livro recorda

Coube este ano a Aino Pervik. a mensagem para o Dia Internacional do Livro Infantil
Nascida em 1932, na Estónia, Pervik publicou cerca de meia centena de livros para crianças, a par de poesia e narrativas para adultos. Distinguida com vários e prestigiosos prémios e traduzida em diversas línguas, algumas das suas obras têm sido adaptadas ao teatro e ao cinema.

. .................................O livro recorda

“Quando Arno e o seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado.”

No meu país, a Estónia, quase toda a gente conhece esta frase de cor. É a primeira linha de um livro intitulado Primavera. Publicado em 1912, é da autoria do escritor estónio Oskar Luts (1887-1953).

Primavera narra a vida de crianças que frequentavam uma escola rural na Estónia, em finais do século XIX. O Autor escrevia sobre a sua própria infância e Arno, na verdade, era o próprio Oskar Luts na sua meninice.

Os investigadores estudam documentos antigos e, com base neles, escrevem livros de História. Os livros de História relatam eventos que aconteceram, mas é claro que esses livros nunca contam como eram de facto as vidas das pessoas comuns em certa época. Os livros de histórias, por seu lado, recordam coisas que não é possível encontrar nos velhos documentos. Podem contar-nos, por exemplo, o que é que um rapaz como Arno pensava quando foi para a escola há cem anos, ou quais os sonhos das crianças dessa época, que medos tinham e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais dessas crianças, como queriam ser e que futuro desejavam para os seus filhos.

Claro que hoje podemos escrever livros sobre os velhos tempos, e esses livros são, muitas vezes, apaixonantes. Mas um escritor actual não pode realmente conhecer os sabores e os cheiros, os medos e as alegrias de um passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu depois e o que o futuro reservava à gente de então.

O livro recorda o tempo em que foi escrito.

A partir dos livros de Charles Dickens, ficamos a saber como era realmente a vida de um rapazinho nas ruas de Londres, em meados do século XIX, no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (coincidentes com o olhar de Dickens nessa época), vemos todo o tipo de personagens que ao tempo viviam na Inglaterra – que relações tinham, e como os seus pensamentos e sentimentos influenciaram tais relações. Porque David Copperfield era de facto, em muitos aspectos, o próprio Charles Dickens; Dickens não precisava de inventar nada, ele pura e simplesmente conhecia aquilo que contava.

São os livros que nos permitem saber o que realmente sentiam Tom Sawyer, Huckleberry Finn e o seu amigo Jim nas viagens pelo Mississipi em finais do século XIX, quando Mark Twain escreveu as suas aventuras. Ele conhecia profundamente o que as pessoas do seu tempo pensavam sobre as demais, porque ele próprio vivia entre elas. Era uma delas.

Nas obras literárias, os relatos mais verosímeis sobre gente do passado são os que foram escritos à época em que essa mesma gente vivia.

O livro recorda.

.E nós recordamos, vivemos, revivemos com ele.
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quarta-feira, 30 de março de 2011

Geração à Rasca - A Nossa Culpa

De Mia Couto um texto (longo, mas que vale a pena ler) duro porque verdadeiro.

- Existe uma geração à rasca?

. Existe mais do que uma! Certamente!

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.

Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.

A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.

Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.

Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse.

Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.

Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo.

E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.

Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.

Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.

São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquer coisa phones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não".

É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas. Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.

Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.

Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum.

Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.

Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso.

Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento.

Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.

Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.

Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.

Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.

Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração? Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!

Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).

Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.

Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles. A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.

Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.

Haverá mais triste prova do nosso falhanço?


Mia Couto

quinta-feira, 24 de março de 2011

Lille

À maravilhosa música de Lisa Hannigan , Lille, junta-se este extraordinário vídeo em que a história é contada em imagens de dois livros pop up da autoria de Jamie Hannigan e da ilustradora Maeve Clancy.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Nós gostamos de ler!

Uma boa entrada para a Semana da Leitura que aí vem!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Vamos contar uma história...

Para os mais pequenitos

Era uma vez...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Metade


Um poema lindíssimo que descobri recentemente e que quero partilhar convosco.
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..................................Metade
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Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
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Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
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Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
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Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
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Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...
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Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
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Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia e a outra metade, a canção.
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E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também.
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......................................................................................................Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ainda o amor

O Livro dos Amantes, Grandes Histórias de Amor, de José Jorge Letria
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Nos grandes amores, existe sempre alguma coisa que os faz vencer as barreiras do tempo e do espaço. É assim que se eternizam e se tornam universais.
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Adão e Eva, Pedro I e Inês de Castro, Napoleão e Josefina, Almeida Garrett e a viscondessa da Luz, John Lennon e Yoko Ono, ... são alguns dos pares cujos amores são narrados nesta obra.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ler o amor

Esta é uma sugestão de leitura, e de compra na Feira do Livro na BECRE, para o Dia dos Namorados que está a chegar.
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Na BECRE encontrarás outras obras que poderás adquirir para oferecer a alguém especial.
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.Tristão e Isolda E o filtro de Amor que os uniu, de Alessandra Cimatoribus; ilustração de Alessandra Cimatoribus

Citações e Pensamentos de Florbela Espanca, de Florbela Espanca, Paulo Neves da Silva

O Tempo dos Amores Perfeitos, de Tiago Rebelo
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Cartas De Amor, de Pablo Neruda
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E muitas outras!

E agora um poema de Carlos Drummond de Andrade.

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Balada do Amor através das Idades

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigámos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Le livre des peut-être


Uma obra de Ghislaine Roman para os mais pequenos (e também para os grandes que ainda se deixam encantar com as pequenas, pequeníssimas, "coisas")
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Peut-être
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Peut-être que les clowns ont de grandes chaussures
parce qu’ils ont de grands pieds.
Peut-être que la nuit est noire
pour qu’on ne la confonde pas avec le jour.
Peut-être que les abeilles font du miel
parce qu’elles ne savent pas faire du chocolat.
Peut-être que les moutons portent de la laine
parce qu’ils sont allergiques au coton.
Peut-être que les dragons crachent du feu
parce que, s’ils crachaient de l’eau, on les prendrait pour des pompiers.
Peut-être que les vaches sont noires et blanches
parce qu’elles n’ont pas réussi à choisir.
Peut-être que les kangourous ont des poches
parce qu’ils n’aiment pas les sacs à main.
Peut-être que les zèbres sont rayés
parce qu’ils n’aiment pas les carreaux.
Peut-être que les chenilles se transforment en papillons
parce que c’est plus simple que de se transformer en licornes.
Peut-être que les sorcières chevauchent des balais
parce qu’elles n’ont jamais entendu parler des aspirateurs.
Peut-être que les éléphants montent sur les tabourets
parce qu’ils ont peur des souris.
Peut-être que les chameaux ont deux bosses
pour rendre les dromadaires jaloux.
Peut-être que les lions sont mal coiffés
parce qu’ils font peur aux coiffeurs.
Peut-être qu’on dit « barbe à papa »
parce que ça fait plus jeune que de dire « barbe à papy »
Peut-être que les dinosaures n’ont pas disparu
mais qu’ils sont les meilleurs à cache- cache.
Peut-être qu’il faut terminer les livres
pour le plaisir de les recommencer.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ler...escrever...é isto!

Madassa, uma obra de Michel Séonnet
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E aqui fica um excerto para aguçar o apetite:
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Madassa não sabia ler nem escrever.
Madassa tinha a idade que as crianças têm quando sabem ler e escrever.
Mas Madassa não sabia ler nem escrever.
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Na cabeça de Madassa não havia lugar para palavras.
Na cabeça de Madassa habitava apenas o medo, escuro e negro, causado pelos barulhos da guerra, e pelos mortos, muitos mortos.
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Na cabeça de Madassa vivia uma raiva imensa cheia de porquês.
Como se as perguntas fossem garras dilacerantes.
Na cabeça de Madassa pairava um nevoeiro de tristeza.
Tão espesso que ele não conseguia lembrar-se sequer da cara do irmão ou da irmã, cujo paradeiro ninguém conhecia.
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Havia dias em que, na cabeça de Madassa, morava a mesma fome que lhe enchia o ventre. A negrura do medo, as garras da raiva, o nevoeiro da tristeza – e, em certos dias, a fome – ocupavam toda a cabeça de Madassa.
Na cabeça de Madassa não havia lugar para as palavras.
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A professora já não sabia o que fazer para ajudar Madassa.
Quanto tinha tempo, lia-lhe histórias que ele sozinho não conseguia ler.
Lia-lhe a história do Pequeno Polegar, que tivera tanto medo na floresta.
E o medo do Polegarzinho passeava pela cabeça de Madassa.
Lia-lhe a história de Martinho, que estava sempre irritado.
E a irritação do rapaz era igual à que existia na cabeça de Madassa.
Lia-lhe a história da Menina dos Fósforos.
E a tristeza da Menina chorava na cabeça de Madassa.
A professora contava-lhe também a história de Pedro e a Lua, do menino que queria fazer florir a terra inteira com plumas de pássaro.
E as plumas dançavam na cabeça de Madassa.
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E, entretanto, o que acontecia na cabeça de Madassa?
O medo do Polegarzinho deixava palavras para exprimir o medo.
A cólera de Martinho deixava palavras para exprimir a cólera.
A tristeza da Menina dos Fósforos deixava palavras para exprimir a tristeza.
A dança das palavras de Pedro e a Lua deixava palavras que davam vontade de dançar.
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Certa manhã, as palavras, fortemente agitadas, não quiseram ficar na cabeça de Madassa.
Então, o menino pegou num caderno, numa caneta, e, embora desajeitadamente, como uma criança que aprende a andar, escreveu:
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Madassa medo
Madassa cólera
Madassa tristeza

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Madassa por entre as ervas
Madassa ao vento
Madassa na água
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Madassa cinzento preto azul
Madassa vermelho amarelo preto
Madassa cinzento amarelo verde

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Madassa galo tigre
Madassa sol

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─ Um poema! ─ exclamou a professora. ─ Escreveste um poema!
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Então escrever é isto!
Pegar nas palavras das histórias e transformá-las nas palavras de Madassa.
Mas é preciso ler muitas histórias para ter muitas palavras.
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Madassa começou a ler.
E a escrever também.
Quanto mais lia, mais escrevia.
Quanto mais escrevia, mais vontade tinha de ler.
Era um círculo mágico.
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Madassa não sabia ler nem escrever.
Mas enchia agora cadernos e mais cadernos.
Talvez um dia escrevesse um livro.
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Madassa escritor.
.............................................................................................................................................................Michel Séonnet

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A imaginação como refúgio...

Para reflectir e sobretudo estar atento!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A outra "voz" dos nossos políticos

A jornalista Maria Inês de Almeida teve a ideia e dezasseis figuras conhecidas da vida política portuguesa aceitaram o desafio de participar, com um conto da sua autoria, neste livro infantil original que conta ainda com belíssimas ilustrações de Manuel Cruz.

Ana Gomes, Ângelo Correia, António Carmona Rodrigues, Edite Estrela, Eduardo Ferro Rodrigues, Jerónimo de Sousa, Joana Amaral Dias, João Soares, José Ribeiro e Castro, Maria de Belém Roseira, Marta Rebelo, Miguel Beleza, Nuno Morais Sarmento, Odete Santos, Paula Teixeira da Cruz e Vitalino Canas são os autores dos contos.

Parte das receitas deste livro reverte para a UNICEF.