sábado, 23 de maio de 2009

Se assim fores...


Se

Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,

Quando os outros os perdem e te acusam disso,

Se és capaz de confiar em ti, quando te ti duvidam,

E, no entanto, perdoares que duvidem,

Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança,

E não caluniares os que te caluniam,

Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,

E pensar, sem reduzir o pensamento a vício,

Se és capaz de enfrentar o triunfo e o desastre,

Sem fazer distinção entre estes dois impostores,

Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,

Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,

Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira,

E construí-lo outra vez com ferramentas gastas,

Se és capaz de arriscar todos os teus haveres

Num lance corajoso, alheio ao resultado,

E perder e começar de novo o teu caminho,

Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado,

Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos,

E fazê-los servir se já quase não servem,

Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta,

A não ser a vontade que diz: Enfrenta!

Se és capaz de falar ao povo e ficar digno,

Ou de passear com reis conservando-te o mesmo,

Se não pode abalar-te amigo ou inimigo,

E não sofrem decepção os que contam contigo,

Se podes preencher todo o minuto que passa,

Com sessenta segundos de tarefa acertada,

Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,

Será teu tudo o que nela existe

E não receies que to tomem,

Mas, ainda melhor que tudo isto,

Se assim fores, serás um homem.
Rudyard Kipling

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