Matilde Rosa Araújo faleceu hoje. Viveu a sua vida inteiramente dedicada às crianças enquanto escritora, mas também como professora, pedagoga e activista militante de instituições como a Unicef ou o Instituto de Apoio à Criança.
Deixa mais de 20 livros para a infância, entre eles O Livro da Tila (nome pelo qual era conhecida entre os amigos), História de uma Flor, As Crianças, Todas As Crianças, Camões, Poeta Mancebo e Pobre, O Palhaço Verde, De Que São Feitos os Sonhos, O Sol e o Menino dos Pés Frios, As Fadas Verdes, ... entre tantos outros.
Uma pequeníssima passagem de uma entrevista:
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- Passemos aos nossos dias. Como a vê a Educação?
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- Eu queria que estivesse melhor, mas é fácil querer isto... Encontro, no entanto, professores maravilhosos que continuam a querer fazer progredir os alunos com inteligência e amor. Hoje encontro ainda uma realidade que eu não tinha, a existência de bibliotecas actuantes. Agora as bibliotecas têm vida, dantes havia livros em armários...
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-Não é das que comunga da ideia de que os jovens lêem menos hoje em dia?
-Não é das que comunga da ideia de que os jovens lêem menos hoje em dia?
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- Podem parecer ler menos, porque a massa dos jovens escolarizados é grande. Mas lêem. Antigamente esse espaço de potenciais leitores era muito mais reduzido, hoje há uma maior diversidade de circunstâncias para se ser leitor. O tempo de que o aluno dispõe também é diferente. A televisão podia ter um papel não digo didáctico, no sentido estrito do termo, mas fecundo na abertura para a cultura, não uma cultura elitista mas a cultura autêntica da vida com verdadeiro entendimento da Infância e da Juventude. E também temos os computadores e a Internet, ainda assim não podemos deixar que a "leitura" fique só por aí. De forma alguma.
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- Uma das mudanças tem a ver com o facto de muitas escolas proporcionarem um contacto directo com os escritores...
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- Os alunos, muitas vezes, julgavam que os escritores tinham todos morrido e quando começámos a aparecer por lá... mostrámos afinal que não éramos o "clube dos poetas mortos"... E, hoje, o encontro é tão feliz. Desses encontros trago sempre um quinhão de felicidade que os alunos generosamente me entregam na fraternidade do ler, do seu ler. Uma felicidade que me ensina tanto. Assim eu possa continuar a aprender.
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Disse Agostinho da Silva :
Escrevendo ou lendo nos unimos para além do tempo e do espaço, e os limitados braços se põem a abraçar o mundo; a riqueza de outros nos enriquece a nós. Leia.
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(re)Leiam Matilde Rosa Araújo, partilhem da sua riqueza, abracem o mundo.
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