quarta-feira, 25 de março de 2020

Manuel Alegre - Poema «Lisboa ainda»

Lisboa
não tem beijos nem abraços
não tem risos nem esplanadas
não tem passos
nem raparigas e rapazes de mãos dadas
tem praças cheias de ninguém
ainda tem sol
mas não tem
nem gaivota de Amália nem canoa
sem restaurantes sem bares, nem cinemas
ainda é fado ainda é poemas
fechada dentro de si mesma
ainda é Lisboa
cidade aberta
ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste
e em cada rua deserta
ainda resiste.

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