terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nobel da Literatura 2011

O poeta suecoTomas Tranströmer é o Nobel da Literatura 2011.
Tranströmer, 80 anos, escreve sobre a morte, a história, a memória, e é é o poeta sueco mais traduzido em todo o Mundo.
Começou a publicar poesia aos 23 anos e o seu primeiro livro intitulava-se 17 dikter (17 Poemas).
Publicou cerca de 15 obras numa longa carreira dedicada à escrita e recebeu numerosos galardões literários, como o Prémio Literário do Conselho Nórdico, em 1990.
A antologia Vinte e um poetas suecos que inclui poemas de Tranströmer vai ser reeditada brevemente pela editora Nova Vega. Organizada por Vasco Graça Moura e Ana Hatherly, esta antologia, lançado pela primeira vez em 1981 com uma selecção de poetas suecos, teve ainda a participação dos tradutores e escritores Almeida Faria, Casimiro de Brito e Teresa Salema.
Eis dois poemas que, no início do ano, foram publicados pelo blogue Poesia Ilimitada :


A árvore a nuvem

Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,
com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
como um melro ante um jardim de fruta.

Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.
Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,
à espera, como nós, do instante
em que flocos de neve floresçam no espaço.

Desde a montanha

Estou na montanha e vejo a enseada.
Os barcos descansam sobre a superfície do verão.
«Somos sonâmbulos. Luas vagabundas.»
Isso dizem as velas brancas.

«Deslizamos por uma casa adormecida.
Abrimos as portas lentamente.
Assomamo-nos à liberdade.»
Isso dizem as velas brancas.

Um dia vi navegar os desejos do mundo.
Todos, no mesmo rumo – uma só frota.
«Agora estamos dispersos. Séquito de ninguém.»
Isso dizem as velas brancas.

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