quarta-feira, 9 de junho de 2010

José Gomes ferreira

José Gomes Ferreira foi um poeta e ficcionista social e politicamente empenhado, atendendo às suas reacções e revoltas face aos problemas e injustiças do mundo bem presentes na sua escrita.
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Nascido no Porto em 1900, a viver em Lisboa desde os 4 anos, formou-se em Direito em 1924, tendo sido cônsul na Noruega entre 1925 e 1929. Após o seu regresso a Portugal, enveredou pela carreira jornalística, colaborando com de vários jornais e revistas, tais como a Presença, a Seara Nova e Gazeta Musical e de Todas as Artes.
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Da sua obra poética destacam-se, para além do volume de estreia, Lírios do Monte (1918), Poesia, Poesia II e Poesia III (1948, 1950 e 1961, respectivamente), recebendo este último o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores.
A sua obra poética foi reunida em 1977-1978, em Poeta Militante.
O seu pendor jornalístico reflecte-se nos volumes de crónicas O Mundo dos Outros (1950) e O Irreal Quotidiano (1971).
No campo da ficção escreveu O Mundo Desabitado (1960), Aventuras de João Sem Medo (1963), Imitação dos Dias (1966), Tempo Escandinavo (1969) e O Enigma da Árvore Enamorada (1980). O seu livro de reflexões e memórias A Memória das Palavras (1965) recebeu o Prémio da Casa da Imprensa.
É autor ainda de ensaios sobre literatura, tendo organizado, com Carlos de Oliveira, a antologia Contos Tradicionais Portugueses (1958).
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Vivam, apenas
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Vivam, apenas.
Sejam bons como o sol.
Livres como o vento
naturais como as fontes.
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Imitem as árvores dos caminhos
Que dão flores e frutos
Sem complicações.
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Mas não queiram convencer os cardos
A transformar os espinhos
Em rosas e canções.
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E principalmente não pensem na Morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
Que só são belos
Quando se desenham na terra em flores.
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Vivam, apenas.
A morte é para os mortos.

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