domingo, 8 de novembro de 2009

Cecília Meireles

Cecília Meireles nasceu a 7 de Novembro de 1901, no Rio de Janeiro, e faleceu a 9 de Novembro de 1964, também no Rio de Janeiro. Foi poeta, professora, jornalista e cronista.
A primeira biblioteca infantil do Brasil foi fundada por esta mulher extraordinária que disse:
"Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade. Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde, foi nessa área que os livros se abriram e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.”
.
Considerada por muitos como uma das maiores poetisas da Língua Portuguesa, foi-lhe atribuído em 1993 o prémio Camões.
.
De Cecília Meireles:
.
Máquina Breve
.
O pequeno vaga-lume
com sua verde lanterna,
que passava pela sombra
inquietando a flor e a treva
— meteoro da noite, humilde,
dos horizontes da relva;
o pequeno vaga-lume,
queimada a sua lanterna,
jaz carbonizado e triste
e qualquer brisa o carrega:
mortalha de exíguas franjas
que foi seu corpo de festa.
.
Parecia uma esmeralda
e é um ponto negro na pedra.
Foi luz alada,
pequena estrela em rápida seta.
Quebrou-se a máquina breve
na precipitada queda.
E o maior sábio do mundo
sabe que não a conserta.
.
4º Motivo da Rosa
.
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
.
Rosas verás, só de cinzas franzidas,
mortas, intactas pelo teu jardim.
.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Sem comentários: